“Não
é que o jogo Big Brother necessariamente exija auto-conhecimento, seria pedir
demais. Mesmo porque, às vezes, quanto mais sem noção, melhor. Quando
desembarca aí, o pobre jovem pisa em território desconhecido, confinado não só
entre as paredes da casa, e sim preso a seus próprios horizontes. Só que para
ter esses horizontes da alma, carece de ter universo interior. Mas vamos nos
ater às aparências. Elas não enganam. Vocês transmitem, ou gostariam de
transmitir um tremendo amor-próprio. Isso causa inveja em quem vê, pois
auto-estima não é um artigo farto no mercado, é coisa rara. E quem entra aí é
meio que levado a agir como se tivesse a si mesmo em alta conta. E, muitas
vezes, não tem, claro... Não tem e preferia nem tocar nesse assunto.
Auto-conhecimento seria pedir demais. Talvez, um certo cuidado, cultivar o
hábito de consultar a si mesmo, com a honestidade possível, e um mínimo de
coragem.
Vamos lá, sem dourar a pílula: seguir a
intuição já tá muito bom. Só que para ouvir a intuição, há que apagar a versão
que se inventou sobre si mesmo, por mais dourada e cor-de-rosa. Intuição exige
entrega, largar as rédeas, deixar-se levar, se abandonar para se salvar. Há
várias maneiras de se entregar ao jogo Big Brother. E há várias maneiras de não
se entregar. Todas as maneiras de não se entregar são parecidas. Se entregar,
cada um se entrega de um jeito diferente, inédito. Quem se entrega, perde o
controle do que está entregando. Quem não se entrega, ou por não ter o que
entregar, ou por não querer perder o que tem para entregar, acaba
perdendo tudo.
E entregar o que? Entregar nada, se entregar.
Render-se, dar a guerra por perdida, capitular para vencer, renunciar para
conquistar. Talvez, ao fim e ao cabo, entender que... Abre aspas: ‘O que eu
sou, isso em que acabei me tornando, foi o melhor que pude fazer, o meu melhor.
Não é muito o que eu tenho pra dar, mas dou tudo. E tomara tudo o que tenho pra
dar seja igual a tudo o que você quer ganhar de mim’. Fecha aspas. Você está
eliminada, Marien”
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